A França

O melhor jogador da equipa deles é um descendente de berberes argelinos apoiado por uma equipa com Makeleles e Vieiras e lá à frente um negro que nasceu no bairro mais pobre de Paris mas nas últimas eleições deram 17,02% ao Le Pen, tamanha é a gratidão. Para vencer Le Pen precisaram de se unir todos em torno de um presidente que usa gel e brilhantina no século XXI e é tão moderado que em 1996 estoirou 6 bombas nucleares no atol da Mururoa e sobrevive rodeado de escândalos financeiros e de Villepins e Sarkozys.
No futebol ainda inventaram os presidentes Bernard Tapies bem antes dos Berlusconis italianos. Deitam areia nas magens do Sena e espetam-lhe palmeiras para improvisar uma califórnia fedorenta. Passaram de Sartre e Quartier Latin, a Dan Brown e Eurodisney, da nouvelle vague à Amélie Poulin, inventaram as quotas obrigatórias de cultura francesa nas rádios, nas televisões e no cinema e os resultados espectaculares estão à vista, as vitórias no mundial assentam-lhes no ego como um pastelinho de nata no bucho do Fernando Mendes.
Liberté - Egalité - Fraternité deve significar «vamos partir esta merda toda» em francês, ou então «é proibido usar o véu na escola» ou «é permitido fazer negócios com escroques africanos desde que sejamos nós a fazê-los» ou «quando fazemos uma carga policial damos porrada a todos da mesma maneira sem olhar a instrução, credo ou orientação sexual». Substituíram a especialidade do creme brulée pela voiture brulée e todos a praticam, desde jovens marginais desempregados, a jovens universitários desempregados. Levaram porrada de todos os lados na I e na II Guerra Mundial e mesmo assim o De Gaulle existiu e aos olhos deles não era ridículo assim como o Chirac é suposto não ser, ou o ar de canastrão de filme soft core à Canal+ RTL de Sábado à noite do Villepin é suposto ser distinto. Mas são a fantasia provinciana dos americanos que ora lhes gabam o french perfume e o french champagne que vendem nos casinos de Las Vegas onde recriam à escala 1:1 a Torre Eiffel e o Louvre em plástico, ora lhes atiram em cima com meteoritos, bombas nucleares e extraterrestres sempre que podem em qualquer filme catástrofe, tal é o amor genuíno.
Posto isto tudo, o que festejas tu França, que com esta vitória vais continuar iludida a pensar sinceramente que ganhaste mais do que um jogo de futebol?
Estás a anos de luz desta nossa DIGNIDADE LUSA, submissa ao fado da derrota, morrendo na praia como os soldados americanos na normandia morreram para te libertar.

Sem comentários: