Está na hora!

Chegados ao dia da reflexão, sabemos que o PS conseguiu catapultar-se para a frente das sondagens sem que do seu programa se conheça muito mais do que a aposta na opção TGV. A comodidade da incógnita deve-a não só a si próprio e ao sucesso das cortinas de fumo que foi levantando, como também à mesma estratégia, esta falhada, que foi adoptada por Manuela Ferreira Leite. Mas não só. A comunicação social alinhada fez o resto.
Primeiro, na pré-campanha, onde, ainda assim, se discutiram os programas eleitorais dos vários partidos, todos assistimos ao despudor do painel de comentadores escolhidos pelos vários órgãos de comunicação social que, encapados de isenção, rigor e objectividade, condicionaram as apreciações aos frente-a-frente entre os vários candidatos.

Depois, já durante a campanha, prosseguiu o mesmo condicionamento. Todos vimos a disparidade que existiu entre os tempos das reportagens sobre as várias campanhas e a falta de isenção dos comentários das peças de cobertura das iniciativas de campanha dos partidos fora do centrão. Todos vimos que a ordem no alinhamento dos telejornais foi sempre a mesma, com PS e PSD a aparecerem sempre em primeiro e, dessa forma, a beneficiarem da maior capacidade de atenção de quem assiste. E todos vimos o paradoxo do destaque que foi dado a algo absolutamente legal, os PPR de dirigentes e militantes do Bloco de Esquerda, e o destaque que não foi dado a coisas tão ilegais como a acusação de troca de financiamento partidário por cargos públicos no PS ou tão suspeitas como o processo de adjudicação dos helicópteros do INEM, ambos quase abafados. O de sempre.

Mas todos conhecemos também o que cada um vale, o que o PS fez durante quatro anos e meio, tal como conhecemos o que o PSD fez quando foi poder e a colaboração que foi dando ao PS na satisfação de clientelas partilhadas por ambos os partidos e pelo CDS-PP.

Conhecemos as negociatas de concessão de serviços públicos por décadas, os lucros concedidos a privados em parcerias público-privadas muito vantajosas para eles e invariavelmente lesivas do interesse público. Os três mil milhões de euros que pagámos pela delinquência banqueira. A venda a retalho às respectivas clientelas de reserva ecológica nacional. Conhecemos a pobreza que provocaram e o modelo de desenvolvimento baseado em salários baixos que defendem. A sua injustiça fiscal que trata a banca como um sector carenciado e nega o sigilo bancário que tornaria visível todos os ilícitos dos e poupa impostos aos ricos e poderosos. Vivemos a precariedade e a opressão impostas pelo seu Código do Trabalho. Conhecemos a perseguição que fizeram a professores e funcionários públicos. Sabemos do desmantelamento de carreiras que promoveram em toda a Administração Pública e da pseudo-reforma que manteve a nomeação de dirigentes pelo critério de nomeação partidária e todos os seus privilégios de promoções automáticas e actuação impune. Temos presente que a Justiça funciona mal e se tornou um luxo com as subidas das taxas introduzidas pelo actual Governo e que julga segundo uma "livre consciência" com forte odor a captura. A Educação tornou-se um passe-vitte que tem como único objectivo uma qualificação pela via administrativa a baixo custo. Na Saúde, prostituiu-se a medicina a critérios economicistas que tornaram hospitais e centros de saúde oficinas de reparação em série de pessoas tornadas peças. Conhecemos o record de desempregados do pós-25 de Abril. E sabemos que o recuo da economia nos últimos quatro anos e meio anulou o crescimento de toda a década anterior.

Comprovadamente, os responsáveis por tudo isto não servem para governar. Uns e outros, culpando-se reciprocamente, disfarçam a responsabilidade que é toda sua.

E o acima exposto, que é apenas parte do todo, seria mais do que suficiente para que qualquer povo com o mínimo de maturidade democrática rejeitasse liminarmente votar PS, PSD ou CDS-PP e procurasse outras alternativas de poder. E a alternativa
é tão real como os interessados numa desmobilização fomentada através da descrença. Está na hora de mudar. De mostrar de que é feito este povo. De fazer a mudança que só se faz pelo voto. No Domingo, vamos ser muitos. O voto vai ser-nos útil. A nós.

Filipe Tourais @ O país do Burro

A praxe


Em Coimbra, mas também em Lisboa, vejo espectáculos de humilhação colectiva. Em muitos casos com o consentimento dos próprios. Vejo a boçalidade satifeita consigo mesma. Vejo a ignorância transformada em cerimónia. Desde que não seja dentro da faculdade, digo eu, é lá com eles. E repito: aventurados sejam os idiotas porque deles é o reino da terra. Aquilo é a “tribo” no seu pior. É a obediência no que ela tem de mais degradante. Na rua passam em fila indiana, como carneiros, a repetir frases e canções inventadas por analfabetos. A praxe é o que seria uma sociedade sem cidadãos. Sem indivíduos. Sem inteligência. A praxe é a prova de como um pequeno poder de meia dúzia de imbecis chega para que a imbecilidade se transforme numa instituição. Dizem que serve para a integração. E é verdade. Ficam todos os praxados integrados na bovinidade dos praxantes. E essa é a razão porque odeio a palavra “integração”. Aquele que se quer diluir na mediocridade a nada mais pode aspirar do que a ser um medíocre. É por isso que só os inadaptados têm a corgem de resistir à barbaridade quando ela se impõe como natural. Dirão: que exagero, é apenas uma brincadeira. Não. É muito mais do que isso. É, como “tradição”, um código de conduta. A seguir no emprego, na vida, na família. É muito mais do que uma brincadeira. É uma lição. Isto é que é apenas um desabafo.

Daniel Oliveira @ Arrastão

As "piadolas" de bastidores...

Um microfone captou uma conversa polémica entre o primeiro-ministro José Sócrates e o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, antes do início do debate transmitido pela RTP1 nesta terça-feira.

Audível pela régie da SIC e da TVI, percebe-se que Sócrates diz a Louçã que estranhou não o ver na vigília de apoio a Manuela Moura Guedes, após a suspensão do ‘Jornal Nacional de Sexta’.

'Você é fã? Mas eu não o vi naquela vigília: 'Queremos Manuela de volta!' Isto ouve-se?', é a mensagem principal que se escuta.

Os dois líderes partidários também trocaram impressões sobre o estatuto de português mais sexy acima dos 40 anos, conquistado por José Sócrates na votação dos leitores do CM. O primeiro-ministro aludiu ao facto de ser considerado o sexto homem mais sexy do Mundo, referindo que a votação deve ter ocorrido no Largo do Rato. "Nem no Largo do Rato", gracejou Louçã.






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