VÍNCULO VOLUNTÁRIO

«CRÓNICA LOW COST»
- VÍNCULO VOLUNTÁRIO –

Permito-me dispensar a minha pessoa de opinar nem que superficialmente sobre tão complexo enlace jurídico-económico como seja o vínculo laboral, manifestação comum de aprisionamento de seres necessitados a outros que tais. Disponho a minha atenção apenas à vertente mais nobre, mais profunda da espécie humana: o vínculo voluntário. É pois de Humanidade, de benignidade que aqui se trata.
Falo de um modo único de vida, que se manifesta numa conexão desigual e notável, para quem lhe imprime real significado. De que tratamos nós seres humanos face aos nossos congéneres? De atitudes despojadas de sentimentos? De (pré) conceitos? De forçada apatia? Ou de uma tão grandiosa afeição quão altruísta o seu valor, o amor ao próximo?
Excluindo por maioria de razão, todos aqueles entes que por absurdo e absorto egoísmo se imaginam num mundo dispensado de entreajuda, apraz-me saber que tão majestosa valia nos impele irremediavelmente, enquanto portadores inatos desse tesouro inestimável que é o voluntariado! Falo daqueles que incumbidos de auto-sustentarem grandezas incalculáveis como o saber dar, dedicar, sacrificar, amparar, proteger, socorrer, acarinhar, etc, se excedem em vertentes técnicas e passam da mera oratória romântica á prática, apoiados em estruturas institucionais vocacionadas a debelar os efeitos nefastos da vida em sociedade, ou tão-somente em suas pessoas.
Munem-se de armas como o desinteresse, o dinamismo, a sabedoria e a capacidade de sacrifício, e desta feita eis-nos embrenhados na única característica que nos distingue dos outros animais da selva: a faculdade da escolha!
De que forma poderei aplicar o frugal tempo que me resta após a longa jornada diária em que me despojo da força física, intelectual ou de ambas, em troca de insatisfação material? Que tal dedicar a minha parca réstia de vida, não ao meu umbigo carente de ócio, mas sim á Humanidade carente de valores superiores? Esta é a opção.
Reconsiderando destemidamente a minha função no mundo, afasto-me de forma desinibida e algo drástica do que são os direitos e deveres formalmente normativizados. É de valentia e coragem que falo, da coragem e valentia sinceras daqueles que, sem hora nem lugar, dão por satisfeito o seu instinto selvagem e se trocam a si próprios por si mesmos, alimentando o ego no sabor a cansaço e bebendo na paz de espírito.
Indivíduos deste Mundo, conquistemos território inóspito, impregnando-o de humildade, modéstia e despretensão! Assumamos nossa pequenez! Limitemo-nos aos outros, aqueles que devemos reconhecer e acarinhar. Olhemo-nos ao espelho e tentemos identificar em que face nos encontramos…!
Tenho dito.

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