A propósito da acusação de Ana Jorge à empresa que gere a Linha Saúde 24, aqui fica um texto de Filipe Tourais, d'O país do Burro. Na muche!
"Quer pela promiscuidade que reina nas relações entre o poder político e o poder económico, quer pela incompetência que sem dificuldades vamos detectando amiúde entre os nossos governantes, não têm sido muitos os ministros que tenham tornado pública a informação de que se deram ao trabalho de reunir dados sobre o cumprimento dos contratos que o Estado tem celebrado com o sector privado para o fornecimento de bens e serviços. Menos ainda foram aqueles que, ao detectarem algum incumprimento dos mesmos, agiram em conformidade com o seu dever e tomaram uma atitude no sentido de zelar pelo interesse público. Ana Jorge fê-lo hoje, acusando a empresa que gere a Linha de Saúde 24 de atender menos sete mil chamadas diárias do que o previsto contratualmente, e, pelos motivos atrás expostos, apraz-me elogiar o gesto.
No entanto, este é apenas mais um caso de um privado a quem, seguindo o mito do “o privado é mais eficiente”, foi confiado um serviço público. Voltou a não resultar. Naturalmente, por ser privado, a prioridade foi o lucro e não a qualidade do serviço, sacrificada que foi à contenção de custos com o pessoal que seria necessário para o fornecer nas condições acordadas. Ana Jorge apontou o dedo à linha Saúde 24, não ao modelo de parcerias público-privadas, tão do agrado de PS, PSD e das respectivas clientelas, que fez nascer a empresa que gere o serviço e toda uma classe de "empreendedores" que vivem à sombra do Estado e do que vai pingando das relações que mantêm com o poder. E uma coisa é o dono confrontar o pastor com a falta de algumas das ovelhas que lhe confiou, outra, muito diferente, é admitir clara e inequivocamente que não é lá muito boa ideia colocar o lobo a guardar o rebanho. Nunca resulta. Voltarão a faltar ovelhas."
No entanto, este é apenas mais um caso de um privado a quem, seguindo o mito do “o privado é mais eficiente”, foi confiado um serviço público. Voltou a não resultar. Naturalmente, por ser privado, a prioridade foi o lucro e não a qualidade do serviço, sacrificada que foi à contenção de custos com o pessoal que seria necessário para o fornecer nas condições acordadas. Ana Jorge apontou o dedo à linha Saúde 24, não ao modelo de parcerias público-privadas, tão do agrado de PS, PSD e das respectivas clientelas, que fez nascer a empresa que gere o serviço e toda uma classe de "empreendedores" que vivem à sombra do Estado e do que vai pingando das relações que mantêm com o poder. E uma coisa é o dono confrontar o pastor com a falta de algumas das ovelhas que lhe confiou, outra, muito diferente, é admitir clara e inequivocamente que não é lá muito boa ideia colocar o lobo a guardar o rebanho. Nunca resulta. Voltarão a faltar ovelhas."
1 comentário:
Mao de obra barata...
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